Friday, December 16, 2005

GONÇALO DINIZ


Embora já não viva em Lisboa, retenho um interesse vivo nos acontecimentos que se desenrolam – especialmente nos projectos nos quais me conto como primeiro instigador. Quando convidei o Celso a organizar e produzir o primeiro festival de cinema Gay e Lésbico de Lisboa, sem dúvidas que a conjuntura política e económica era outra.

Numa altura de relativa prosperidade económica, o ex-presidente da CML – com vontade de conquistar as simpatias do eleitorado Gay e Lésbico – foi fácil de convencer a apoiar a iniciativa do Festival. Ainda assim, nessa altura, entendi que a galinha dos ovos de ouro não duraria para sempre.

Fiquei chocado e enojado com a tentativa da actual gestão camarária de “sugerir” a mudança do nome do Festival, contudo, confesso que não fiquei surpreendido por terem cortado os apoios financeiros e com a falta de “cooperação”.

Portugal é um país onde a sociedade civil muitas vezes depende das estruturas do estado para apoiar e realizar as suas iniciativas. Esta dependência resulta de 1) uma comunidade empresarial com reservas e medo de apoiar eventos culturais que fujam à norma, e 2) uma comunidade alvo muitas vezes desinteressada e pouco disponível para apoiar financeiramente (e com o seu trabalho voluntário) as iniciativas em questão.
Não me era muito difícil prever que as habilidades de sobrevivência do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa seriam postas seriamente à prova com a entrada da coligação de centro-direita na CML.

A organização do Festival tem de encontrar mecanismos que assegurem a sua continuação a longo prazo. Se de facto o sector público está a apertar o cinto, temos de investir os nossos recursos e o nosso tempo em convencer as empresas (propriedade de Gays e Lésbicas, ou não) da mais-valia em apoiar um evento como este. É necessário recrutar e mobilizar mecenas e voluntários dos principais beneficiários deste Festival: o público em geral e a comunidade LGBT. É necessária uma estratégia de angariação de fundos estruturada e concertada com contrapartidas claras e visíveis para os possíveis patrocinadores.

Embora ache uma tragédia o fim do Festival, não me resta qualquer dúvida de que deverá ser esse o caminho a tomar, caso não surjam alternativas que viabilizem a continuidade do Festival por parte da comunidade empresarial e da comunidade a que ele se destina. Não acho justo pedir aos organizadores que continuem a sacrificar o seu bem-estar económico e emocional numa conjuntura que não lhes é favorável.

Mesmo que seja com muita pena minha, por vezes há gente e acontecimentos que estão demasiado avançados para o seu espaço e tempo. Não basta esperar que esta não seja uma delas: a acção começa por abrir o vosso livro de cheques.

Gonçalo Diniz
Activista Gay Português
Fundador da Associaçõ ILGA-Portugal

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sem duvida um homem enfim um rapaz muito interessante gostaria de saber coisas dele inclusive enfim de falar com ele pois ele é uma pessoa superinteligente sem querer ser demasiado enfim deselegante gostaria de saber se ele tem msn e falar com ele se algo souberem algo sobre o GONÇALO DINIZ por favor mande-me para paulomocambicano@hotmail.com.Obrigado.

20/5/09 15:40  

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