DESCANSE EM PAZ (RIP) – 2004
Sobretudo a partir do século XIX assiste-se a uma vaga romântica onde a representação da Morte está frequentemente associada ao universo Kitsch, uma tendência que a partir de então se tem reforçado.
Os diversos aspectos do Kitsch mortuário desenvolvem-se de maneira inexorável de cemitério a cemitério, em todos os rincões do planeta. Apanágio dos cemitérios católicos, mas não só, assiste-se a uma emergente vaga de uma Morte caramelizada, adocicada com drapeados de sentimentos; uma Morte travestida em vida; uma Morte oculta, adulterada e mascarada. Esta postura é mantida sobretudo pelos esforços recompensados dos intrépidos empresários fúnebres e uma resposta fervorosa de aceitação passiva e lamechas de seus clientes.Restringindo-se à Europa por exemplo, podemos verificar em nossos cemitérios uma floresta de estátuas realistas e “dolorosas”, de capelas mortuárias, de templos, monumentos, galerias, dolmens e menires modernos.Em oposição a um passado onde a Morte portava um testemunho das mais altas manifestações da civilização, como o caso das necrópoles etruscas ou das imensas tumbas faraónicas do Egipto, nosso presente privilegia uma Morte doméstica e camuflada. Esta observação é feita a partir das inúmeras “obras de arte” que dia a dia desabrocham em nossos cemitérios como que a fazer um elogio à comiseração, à auto-piedade, à pieguice e a uma constante chantagem emocional ao mundo dos vivos. Uma postura indiscutivelmente Kitsch.Podemos citar alguns exemplos de túmulos encontrados no Pére-lachaise em Paris: Croce-Spinelli e Sivel, Victor Noir, Raspail, entre tantos outros.
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