Saturday, August 13, 2005

MODELS

Não imagino sequer como seria pintar sem um modelo, sem uma referência.

A criação passa, antes de mais, na interpretação do belo. Parto sempre do princípio que o belo está nos olhos do espectador, neste caso específico, nos meus. Assim sendo, cabe a mim esta interpretação. Acredito ser a mesma, infinita, pois cada momento é único, seja no seu estado físico, afectivo ou mental.
Durante estes anos todos meu universo esteve repleto de modelos, alguns especiais onde apenas um quadro não bastava à curiosidade ou desejo e o desejo aqui, não pode ser confundido com tusa, no máximo com gula...pois o prazer que tenho em pintar a figura humana não se limita ao sexo masculino, o que não é válido para a cama. Ao conhecer-se intimamente um modelo, corre-se o risco de perder a atmosfera, o mistério e sobretudo o prazer em pintá-lo (a).
Para mim a grande tusa está no acto solitário de pintar e decifrar e interpretar aquela alma. Não deixa de ser um exercício de posse, que começa quando lhes roubamos esta mesma alma nos primeiros estudos ou fotografias.

Interessante o ego de todos nós, quem não se deixa seduzir pelo fascínio da ilusão da imortalidade?

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