Sunday, August 14, 2005

A GRANDE PITONISA


Desde os primeiros dias deste mês de Agosto de 1985 tive a minha atenção atraída para a sala de Composição, que fica ao lado da minha, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, pelo movimento desusado que ia por lá. Era um entrar e sair de gente, um entrar e sair de volumes e de papéis Curioso, fui verificar. A sala se transformara: pranchetas cobertas de telas, de recortes de papéis, de tecidos, de lápis, de pincéis, de tintas, de palhetas. E um grande número de alunos, empenhados em diferentes tarefas. Mal deram por mim. Pude, assim, ir analisando cada trabalho. Eram retratos. Auto-retratos. Cada um fazia o seu. E, em tamanho natural. Alguns apenas se esboçavam. Outros iam a meio caminho e outros, ainda estavam sendo arrematados. Achei-os bonitos, diferentes, para não dizer, ousados. E de grande valor artístico, também: especialmente quando os interpelei e me esclareceram a respeito de tal azáfama. Constituíam-se já no produto final de uma pesquisa demorada, que se vinha desenvolvendo havia praticamente um ano. Como me entusiasmasse pela ideia, convidaram-se para apresentá-los. Faço-o, com enorme prazer.

A pesquisa se iniciou quando o grupo, reunido, resolveu analisar e criticar um retrato pintado que lhes chegara às mãos. Um simples retrato. As críticas geraram brincadeiras. Delas passou-se à troca de ideias que levou ao plano da realização de retratos, como um desafio. Antes do mais, lançaram-se a pesquisas que pudessem orientá-los. O plano se consubstanciou e eles passaram ao trabalho que levaram a cabo, a meu ver, com grande mestria.

Concretiza-se, agora, com uma exposição que se transforma num verdadeiro “happening”. Os retratos são bastante fiéis. As técnicas, variam: pastel, guache, óleo, etc., mas, basicamente, domina a colagem, especialmente para se conseguir imprimir conotações kitsch e causar, com isso, impacto. Mas isso não é tudo e não é o essencial. Eles não pretendem chamar a atenção sobre as suas pessoas. Não pretendem, simplesmente, satisfazer a sua vaidade pessoal ou se tornar conhecidos e famosos. O importante é o que está por trás de tudo isso. A intenção. No todo, pretendem sensibilizar-nos, a nós espectadores, através de crítica subtil, sugerindo aberrações, injustiças sociais, actos ridículos, grandes contrastes, grandeza d’alma, sublimidade, pureza, apresentando tudo, de uma só vez, aos borbotões, num afã de nos despertar para a realidade do mundo, clamando para que juntos consigamos salvá-lo. Podem parecer pretensiosos. Afinal nem mesmo os santos conseguiram isso, nem mesmo com o sacrifício de suas vidas. Mas os trabalhos resultaram excelentes, mesmo que analisados só pelo valor estético e eu gostaria de registar aqui os seus nomes, até mesmo para um testemunho futuro. São eles: ANA TERESA DE MORAES, ARLENE SABINO, CELSO JUNIOR, CRISTINA LAGO BRAGA, ELIZABETH WENDHAUSEN, ELISABETE DE OLIVEIRA, GÉRSELY COOPER DE MIRANDA, GISELE BÉS, JOÃO MORO VIEIRA, LEILA RODRIGUES SCHRUBER, MADDALENA PETZL, PAULO ROBERTO STEENBOCK, ROSANE SANTOS, TATIANA DE TROTTA, ULISSES TEIXEIRA, JUSSARA PERDONCINI, LUCIANA AMARAL, MARCIA FREDO ANDERSON, MARIA ADÉLIA FERREIRA, JOSÉ ELIEZER MIKOSZ, MARIA CRISTINA ZILLI, MÁRCIA SZÉLIGA.

O mundo materialista em que vivemos necessita, mais do que nunca de artistas. As artes, como sabemos, se dirigem aos nossos sentimentos, ajudando a aperfeiçoá-los. A reformulação do mundo poderá estar em suas mãos.

Texto de Apresentação do Professor Fernando Carneiro
Curitiba PR Brasil (1985)


Fotografia: Obrigado ao meu querido amigo Micozs que está a ajudar a reconhecer este povo todo: Começando da direita para esquerda:

João Moro
Maria Ângela Choma
Rosane Santos
Luis Alberto Lopes
Celso da Ana Tereza (que está acima)
Maria Cristina Zilli
Não nos lembramos do nome desta nossa colega
Atrás de mim, Geceoni Fátima Cantelli
Eu, Celso Junior
Por identificar este barbudo
Gérsely
A bombom com o Gérsely era a Regina
A bombom Deise Marins está entre mim e a Zilli
Micozs atrás da Deise
Ao lado da Denise é o Vicente Paulo NunesNo colo da Deise é o Ulisses (o amante de todos e todas, hehehehehehe


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